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Cliente da Palavra Impressa recebeu dois prêmios internacionais pela publicação de dois estudos clínicos randomizados

Quando um cliente da Palavra Impressa recebe um prêmio por artigo científico publicado, a gente também comemora. Afinal, compartilhamos as preocupações, o trabalho duro e o empenho em ir um pouco além da média e entregar um produto final de qualidade. Quando um mesmo cliente recebe dois prêmios por dois trabalhos diferentes, fica claro que ele está no caminho certo, produzindo bons estudos e se interessando em publicar de forma transparente.

Em 2022, O Dr. João Alberto Maradei-Pereira, nosso antigo cliente, recebeu o prêmio de melhor artigo publicado no ano (em 2021) pelo The Journal of Hand Surgery, reportando um estudo clínico randomizado em cirurgia da mão. Agora, um ano depois, recebeu outro prêmio por outro estudo clínico em cirurgia do joelho, agora pela International Society of Arthroscopy, Knee Surgery & Orthopaedic Sports Medicine (ISAKOS) — Isto depois de ter tido o mesmo trabalho reconhecido como melhor Tema Livre no Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia (CBOT) em 2022.

Medicina, ciência e transparência

Dr. Maradei luta para oferecer aos seus pacientes em Belém do Pará cirurgia e atendimento de qualidade em hospital do Sistema Único de Saúde (SUS). Nós gostamos de acompanhar nossos clientes durante todo o processo de produção e relato das pesquisas, conforme já relatamos aqui, e esse contato próximo nos ajuda a compreender as peculiaridades de cada serviço, de cada rotina, de cada equipe. Isso nos permite estimular os clientes a não esconder nada e a ser transparentes no relato do que fazem, como fazem, e quais os resultados que obtêm, positivos e negativos. Reportar a limitação dos estudos ajuda outros pesquisadores, no mundo todo, a evitar os mesmos percalços.  

Não satisfeito em ter conduzido e publicado um estudo clínico randomizado na Amazônia, o Dr. Maradei resolveu estudar mais e realizar o segundo. Desta vez, como parte de seu doutorado, ele avaliou duas formas de profilaxia da trombose venosa profunda após cirurgia de joelho. O processo de publicação, neste caso, foi complicado porque as revistas norte-americanas estavam resistentes em publicar um estudo em que não foi usada aspirina, a intervenção preferida nos Estados Unidos. Nós ajudamos o autor a argumentar, explicando que as modalidades utilizadas na pesquisa amazônica são apoiadas por diretrizes internacionais, e que o estudo foi realizado com metodologia robusta. Todos os detalhes questionados pelos revisores foram sendo incorporados ao texto, o que melhorou sua transparência e qualidade. Após várias interações com as revistas, conseguimos a publicação e o prêmio veio em seguida, entregue pessoalmente no congresso internacional realizado em Boston, em junho de 2023.

“A ajuda que a Patrícia tem me dado nos últimos anos foi decisiva para meu engajamento maior nas pesquisas e para a chama da curiosidade científica genuína. Ensina não só a redigir melhor, mas a pensar e ter ideias novas de como responder a perguntas que surgem diariamente no centro cirúrgico. Difícil encontrar profissionais dessa qualidade. Impossível não recomendar.”

João Alberto Maradei-Pereira

Primeiro prêmio: The Journal of Hand Surgery

O manuscrito premiado pelo The Journal of Hand Surgery, que editamos na Palavra Impressa, reportava a realização de um estudo clínico randomizado comparando dois tipos de fixação na cirurgia de fratura do rádio distal. A revista declara que “reconhece a importância científica, o excelente rigor do estudo e o alto padrão acadêmico na preparação para publicação” do artigo, e que o prêmio é um “agradecimento aos autores por sua contribuição ao Journal e à cirurgia da mão em todo o mundo”. O estudo escancarou para o mundo as dificuldades de se cuidar do paciente cirúrgico em localizações geográficas que impossibilitam o controle da aderência do paciente a recomendações no pós-operatório. O risco de infecção é alto nessa situação.

Segundo prêmio: ISAKOS

O congresso da ISAKOS premia as pesquisas de destaque que contribuem para a compreensão da artroplastia do joelho. O manuscrito enviado é avaliado segundo critérios de clareza da escrita e qualidade científica e o vencedor recebe a inscrição no congresso e mais 3 mil dólares como prêmio. O estudo premiado mostrou que a profilaxia mecânica da trombose, comparada com a farmacológica (com enoxaparina) resulta em menor perda de sangue e edema da perna operada. Como se não bastasse esses dois benefícios, o paciente pode ir para casa com o aparelho de massagem na perna, mostrando que a intervenção é viável mesmo em regiões de difícil acesso como a amazônica. O estudo foi submetido para a BMC Musculoskeletal Disorders em agosto, aceito em outubro e publicado em novembro de 2022 e a versão online está disponível, aberta. Já foi acessado mais de 1100 vezes, e compartilhado na imprensa paraense.

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Esta pergunta “o que faz um medical writer” aparece geralmente depois desta outra: “qual é a sua profissão?” 

A área de atuação profissional como “medical writer” ainda é bem pouco conhecida no Brasil — tanto que nem uma tradução adequada apareceu até agora. Mas considerando que a publicação científica na área biomédica é feita na língua inglesa, principalmente, isso não surpreende e nem é urgente.

Para quem quer compreender melhor algumas das coisas que um medical writer pode fazer por um pesquisador, uma equipe de pesquisadores, uma instituição de pesquisa ou uma empresa, a primeira observação a fazer é: um medical writer não é um tradutor. O medical writer também faz traduções, mas esse não é o seu negócio principal, ou o principal serviço que pode prestar à comunidade científica. Um medical writer, como o próprio nome diz, é um escritor, um editor de textos, alguém especializado na área científica de saúde, e não somente um tradutor de textos já produzidos por outrem. (E é por isso que o medical writer não compete com o tradutor pelo mercado, nem por preço nem por competência: são áreas diferentes de atuação).

A profissão nasceu principalmente nos Estados Unidos e Europa para apoiar a indústria farmacêutica na redação de documentos regulatórios, ou seja, textos que essas empresas precisam submeter a agências que estabelecem as normas de segurança e aprovação de tecnologias em saúde. No Brasil, por exemplo, temos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde, além do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). O medical writer conhece todas as regras e meandros das normas e regulações para poder preencher formulários e escrever relatórios claros que resultem em aprovações de produtos. A realização de estudos clínicos pela indústria inicia com o registro dessas iniciativas em bases de dados especializadas, e o medical writer é contratado para auxiliar nesse processo. Sim, fazemos registro de clinical trials.

No entanto, ao longo dos anos, a atuação do medical writer se ampliou bastante. Hoje, esse profissional continua atuando na redação de projetos de estudo, protocolos metodológicos (para comitês de ética, agências de fomento e outras organizações), mas também tem grande participação na redação ou edição de artigos científicos. O medical writer pode trabalhar na redação desses manuscritos, que são submetidos para publicação em revistas científicas, cuidando do formato, clareza da exposição de ideias, qualidade do texto e atenção às normas de cada periódico. Pode, e deve, cuidar de adequar esses textos às melhores diretrizes da área, os roteiros para redação de artigos científicos. E deve ficar atento ao desenvolvimento de novas normas éticas na área de publicações científicas da área biomédica, para melhor orientar e atender seus clientes, impedindo-os de incorrer em alguma falha no atendimento de requisitos.

Além dos artigos científicos para publicação em periódicos, o medical writer também pode ajudar os pesquisadores a montar aulas (slides) mais claras, diretas e bem formatadas para seus alunos e colegas. O medical writer é um profissional de comunicação que vai adequar cada apresentação ao público a que ela se destina. Quando se trata de um congresso médico, por exemplo, o medical writer pode ajudar muito na redação e correção do resumo que é submetido para avaliação. E dentro da academia, também pode auxiliar na revisão de texto de teses e dissertações, sempre cuidando do limite ético de não interferir na criação da peça nestes casos, pois o aluno está sob avaliação.

As empresas e associações ou organizações não governamentais se beneficiam do serviço prestado pelo medical writer quando este profissional participa da concepção, redação e organização de websites, destinados a profissionais ou a pacientes. Uma possibilidade de atuação é a adequação para avaliação em organismos acreditadores como o HonCode ou simplesmente a realização de avaliações de qualidade, usando o DISCERN, por exemplo. Panfletos e outros materiais destinados a pacientes ou membros da comunidade (como cuidadores) e para a imprensa orientando sobre questões de saúde precisam ser claros e adequados ao nível educacional e alfabetismo em saúde da população. O medical writer deve usar de competências como comunicador em ciência para disseminar essas informações corretamente (o que envolve interpretar a ciência corretamente também).

A formação necessária para atuar nessa área envolve alguma atuação em pesquisa na área biomédica: mestrado ou doutorado. A experiência em pesquisa é imprescindível porque o medical writer precisa ser capaz de compreender o raciocínio clínico e o raciocínio científico: da anamnese e exame físico ao diagnóstico e tratamento, da questão em pesquisa à elaboração de hipóteses, metodologia e análise de resultados. Se o editor de texto não tem familiaridade com esses passos e a importância de cada um, não é capaz de identificar falhas, lacunas de informação e mesmo erros que podem impedir a publicação de uma pesquisa. Conhecimento de medicina baseada em evidências também é um diferencial.

O medical writer não é simplesmente um profissional de texto (um “corretor de português” ou “tradutor de inglês”): o texto (com suas regras gramaticais e ortográficas) é um de seus instrumentos de trabalho, apenas um. O medical writer trabalha na construção de textos e outros materiais que exponham de forma correta, clara e concisa o processo e o resultado de uma pesquisa biomédica. Nós da Palavra Impressa não atuamos somente como “tradutores” (e muitas vezes contratamos parceiros para fazer traduções) ou como “revisores de texto”: fazemos um pouquinho mais. 

Nós da Palavra Impressa (principalmente Patricia Logullo) atuamos na área de medical writing no Brasil há mais de 20 anos. Sempre nos preocupamos em nos atualizar e qualificar continuamente e hoje atuamos em Oxford com “meta-pesquisa” (ou pesquisa sobre a qualidade das publicações em saúde) e, a distância, com medical writing para a comunidade do Brasil. Somos membros da Oxford-Brazil EBM Alliance e da EMWA (European Medical Writers Association). Neste blog post anterior, falamos um pouco de um dia típico de trabalho, em que pudemos expor a variedade de coisas que podemos fazer para ajudar você a publicar.

Neste link se pode ler a posição conjunta das associações norte-americana (AMWA) e europeia (EMWA) de medical writers e da Sociedade Internacional de Profissionais em Publicações Médicas (ISMPP) sobre o papel dos medical writers, suas responsabilidades e as dos autores que os contratam.