Estudos clínicos: por que registrar?

Estudos clínicos: por que registrar?

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O Comitê Internacional de Editores de Revistas Biomédicas (ICMJE) estabelece que todo estudo clínico “randomizado” tem de ser registrado em bases de dados públicas, disponíveis na internet, antes de ser submetido para publicação nos periódicos científicos. Ou seja, desde 2007, as revistas que adotam as normas do Comitê só aceitam publicar estudos clínicos que tenham sido registrados previamente.

Essa decisão está em consonância com a concepção da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que o registro de todos os ” clinical trials ” que estão sendo realizados no mundo é uma responsabilidade moral, ética e científica, porque é preciso assegurar que as decisões tomadas nos países a respeito de cuidados em saúde e saúde pública sejam baseadas em todas as evidências científicas disponíveis, e não apenas nos resultados considerados “positivos” pelos pesquisadores e pela indústria. A população se beneficia da realização de uma pesquisa apenas se o estudo for inteiramente publicado, incluindo os resultados negativos, e o registro dos ensaios clínicos impede que os resultados desfavoráveis, por exemplo para a indústria, sejam ocultos.

O registro do trabalho em bases de dados eletrônicas públicas também é importante para que, ao iniciar um estudo, o pesquisador possa ter conhecimento de outras pesquisas que estejam em andamento em outros centros. Assim, pode evitar desperdício de tempo e recursos, humanos e materiais, que ocorreria com a duplicidade das pesquisas, e pode também favorecer o início de colaborações entre centros de pesquisa, facilitando o recrutamento de sujeitos. Se por um lado o registro pode evitar duplicidade, por outro o pesquisador pode, também, preencher lacunas de conhecimento que outros estudos clínicos não abordaram e evitar repetir problemas metodológicos.

Patricia Logullo
Patricia Logullo é doutora e meta-pesquisadora no Centre for Statistics in Medicine (CSM) na University of Oxford, Reino Unido e medical writer certificada pela International Society of Medical Publication Professionals (ISMPP). Além do Doutorado em Saúde Baseada em Evidências (pela UNIFESP), também é mestre em Ciências da Saúde (pela FMUSP) e Jornalista Científica (pela UNICAMP).

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