Por que publicar em revistas indexadas?

Por que publicar em revistas indexadas?

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A escolha de uma revista para onde enviar um trabalho científico é baseada em diversos princípios. O primeiro deles certamente é o escopo do trabalho e da revista. O segundo é a visibilidade da publicação: onde é que meu artigo será mais vezes lido e mais vezes citado?

Um artigo será mais vezes lido e mais vezes citado se estiver publicado em revista de melhor qualidade, justamente as mais consultadas. E quem avalia a qualidade das revistas? Quais os critérios de avaliação?

Periódicos científicos são agrupados ou listados em indexes médicos. O mais tradicional, o Index Medicus, convertido no conhecido Medline, reúne revistas biomédicas (cuja audiência é composta de profissionais de saúde). Seu comitê de seleção de periódicos reúne-se três vezes ao ano para avaliar aproximadamente 140 novas revistas e reavaliar as já indexadas, levando em consideração: o mérito científico (validade, importância, originalidade, contribuição para o campo), os critérios de aceitação de artigos dessas revistas (devem ter revisão por pares, princípios éticos bem esclarecidos), além de periodicidade, formato de publicação e outros.

Da mesma maneira trabalham outras bases “indexadoras”, como os latino-americanos Lilacs e SciELO (que dá acesso a textos completos gratuitamente), o ISI e outras. Todas elas, no entanto, são montadas sob a égide de critérios objetivos e bem descritos de seleção de periódicos, ou seja, revistas que não conseguem coletar artigos suficientes para manter sua periodicidade ao longo do ano (para que a informação efetivamente chegue aos seus leitores), revistas que não cuidam da qualidade de seus manuscritos ou que não têm critérios e sistemas bem definidos de avaliação, revistas sem revisão por pares ou que publiquem textos que não contribuam para o conhecimento científico já estabelecido simplesmente não conseguem indexação. Ser indexada é, portanto, sinal de qualidade de uma revista científica.

Partindo do princípio de que revistas indexadas cuidam de sua periodicidade e comprovam sua distribuição, um artigo publicado em revista indexada terá, naturalmente, mais visibilidade que outro, publicado em revista não-indexada. Quanto maior o número de bases onde cada publicação está indexada, maior a possibilidade de se recuperar artigos por meio das pesquisas nesses indexes (e portanto maior a visibilidade). Há um outro motivo importante para se optar, no Pavilhão Fernandinho Simonsen, por publicar em revistas indexadas: a classificação das revistas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

A Capes avalia os programas de pós-graduação que devem continuar a ter permissão do Ministério da Educação para funcionar; e o faz com base em diversos critérios. Um deles é a produção intelectual dos docentes coordenadores dos programas. O sistema Qualis de avaliação de periódicos científicos classifica as revistas em categorias A1, A2, B1 a B5, além de C (nulo), conforme a qualidade das revistas. Essa “indexação Qualis” baseia-se em parte na indexação dos periódicos: os que não estão no Medline, Lilacs ou SciELO dificilmente levam classificação acima de C. Assim, devemos dar prioridade não apenas para as revistas indexadas (em qualquer base) como também atentar para a classificação Qualis dessas publicações, priorizando as que possuem nota A ou B na hora de escolher os periódicos para os quais vamos submeter um artigo.

 

Para ler mais:

Brasil. Ministério da educação. Avaliação da pós-graduação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível em: http://www.capes.gov.br/avaliacao/avaliacao-da-pos-graduacao. Acessado em: 2009 (20 mai).

Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Critérios de Avaliação Trienal. Triênio Avaliado 2004-2007. Área de Avaliação: Grande área Ciências da Saúde (Medicina I, Medicina II, Medicina III, Odontologia, Farmácia, Enfermagem, Educação Fisíca, Saúde Coletiva). Disponível em: http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/CA2007_CienciasSaude.pdf. Acessado em 2009 (20 mai).

Brasil. Ministério da educação. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Qualis. Disponível em: http://www.capes.gov.br/avaliacao/qualis. Acessado em 2009 (20 mai).

Ministério da Educação (MEC). Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. (CAPES). Diretoria de Avaliação (DAV). Reestruturação do Qualis. Disponível em: http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/Restruturacao_Qualis.pdf. Acessado em 2009 (20 mai).

United States. National Library of Medicine. National Institutes of Health. Disponível em: http://www.nlm.nih.gov/pubs/factsheets/jsel.html. Acessado em 2009 (20 mai).

Literatura Latino-Americana e do Caribe em Saúde. LILACS. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/palestras/base_lilacs.pdf. Acessado em 2009 (20 mai).

 

Patricia Logullo
Patricia Logullo é doutora e meta-pesquisadora no Centre for Statistics in Medicine (CSM) na University of Oxford, Reino Unido e medical writer certificada pela International Society of Medical Publication Professionals (ISMPP). Além do Doutorado em Saúde Baseada em Evidências (pela UNIFESP), também é mestre em Ciências da Saúde (pela FMUSP) e Jornalista Científica (pela UNICAMP).

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