Cinco dicas para editores de “house organs”

Cinco dicas para editores de “house organs”

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Editores de “house organs” devem estar atentos à qualidade e precisão das informações que publicam, pois são elas que constroem os registros históricos que serão editados no futuro.

Ao longo dos últimos anos, temos editado vários relatórios de gestão e de sistematização de projetos sociais, para diferentes instituições, contando histórias do que foi feito, como, quando. Esses textos são produzidos com base em dados coletados de várias fontes: entrevistas com os gestores dos projetos, comunicações internas (como cartas e memorandos), relatórios estatísticos e, em grande parte, material publicado na imprensa, principalmente os “house organs”, ou seja, os jornais da casa. O jornal da fundação, a revista da associação, a newsletter da sociedade médica. E aí surgem dificuldades.

Como os jornalistas que estão produzindo esses materiais estão mais preocupados com o momento presente, imaginam que não têm um papel na construção da história daquela organização. Então, contando com o “awareness” (ou consciência) que as pessoas têm naquele momento a respeito do que está sendo feito, deixam de incluir dados nos textos que são importantes mesmo para quem, dali cinco a dez anos, pode não estar imerso na situação para entender a sua repercussão. Por exemplo: um assunto que receba hoje enorme atenção da mídia, principalmente a mídia digital e a TV, pode cair no esquecimento logo mais, a menos que isso esteja registrado historicamente.

A nossa experiência permite fazer algumas sugestões muito básicas aos nossos colegas jornalistas que se envolveram com o trabalho de assessoria de imprensa e edição de material corporativo:

1) Data da publicação — em publicações impressas, como jornais, revistas e newsletters, um pequeno detalhe pode fazer toda a diferença: colocar a data de publicação num cabeçalho ou rodapé em todas as páginas. Isso facilita o trabalho do historiador e evita a perda do dado quando há desarticulação da encadernação e soltura de páginas ou da capa. A data não ocupa tanto espaço e nem atrapalha visualmente, podendo ser impressa em tom de cor rebaixado ou até como marca d’água;

2) Data do evento — em todas as matérias, em publicações impressas ou eletrônicas (como newsletters, posts em blogs e mídias sociais), a data dos acontecimentos (e não da publicação) é muito importante. Aquele que toma contato com o texto anos depois não tem como descobrir quando algo aconteceu (seja uma reunião, um acidente, uma assinatura de contrato, um evento público) só com base na data de publicação da matéria;

3) Nome completo e correto — o nome completo das pessoas, e grafado da forma correta, é essencial. “O deputado Mandettta”, por exemplo, não é o nome completo da pessoa, e isso é especialmente perigoso no caso de sobrenomes mais comuns. No início do texto, e pelo menos uma vez, deve aparecer o nome completo de cada pessoa citada (exceto para celebridades conhecidas somente pela alcunha, como “Madonna”, “Tiririca” ou “Pelé”);

4) Siglas explicitadas — o uso de siglas é sempre uma armadilha quando o redator não cuida de explicar primeiro o que cada uma significa. Muitas siglas podem ter significados diferentes dependendo do contexto e o leitor não tem obrigação de entender a “sopa de letrinhas” criada pela preguiça de digitar os termos completos;

5) Todos os dados no texto — informações que são colocadas nos títulos das matérias também precisam ser inseridas no corpo do texto principal. Quando um título diz que 150 pessoas participaram de um evento, por exemplo, a informação precisa estar presente no texto, porque a matéria poderá, no futuro, ser lida ou compilada sem o seu título. O leitor poderá procurar o dado no texto, para obter mais informações sobre ele, e não encontrar, o que reduz a sua credibilidade.

Patricia Logullo
Patricia Logullo é doutora e meta-pesquisadora no Centre for Statistics in Medicine (CSM) na University of Oxford, Reino Unido e medical writer certificada pela International Society of Medical Publication Professionals (ISMPP). Além do Doutorado em Saúde Baseada em Evidências (pela UNIFESP), também é mestre em Ciências da Saúde (pela FMUSP) e Jornalista Científica (pela UNICAMP).

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